quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Devaneio nos livros - Heidegger: O que é metafisica?

Deste seguinte artigo, reservo a vocês, crianças barbudas e monstros de todos os tamanhos questões contidas no livro "O que é metafisica" de Martin Heidegger, questões que me permanecem obscuras mesmo depois de ler seguidas vezes. O livro, escrito em 1929, ainda teve um pósfacio adicionado posteriormente a obra em 1943. Os argumentos deste livro se focam em meditar sobre o nada, sendo este, para Heidegger, a instancia que possibilita que o ser-aí (dasein) tenha contato com os entes.

E antes de começar-mos, é bom colocar que, para Heidegger, o nada não é uma reles negação, pois o nada é mais originário que o não. 

 Nada = Vazio?




1. A totalidade do ente

Primeiro, temos que encontrar o nada. Em cada buscar, buscamos algo que já supomos que exista, ou melhor, que antecipamos sua existencia.  É contraditório supor a existencia do nada se o nada significa o não-ente, o não-ser. Aquilo que não é, em suma. Então, este buscar já vemos um problema neste buscar, mas insistemos nisso...Vamos supor que consideremos o nada vulgar de nosso cotidiano, o nada como não-ser. Este nada é a negação do ente em sua totalidade. Para compreender este ultimo (assim, podendo compreender seu oposto, o nada)  podemos então tentar imaginar o ente em sua totalidade e assim, fazendo o caminho inverso, imaginar a negação do ente em sua totalidade pelo intelecto. Bom, temos que considerar, primeiro, que não é possivel conhecer o ente em sua totalidade, pois o entendimento humano não é capaz disso. Já não podemos imaginar o ente em sua totalidade, e agora, poderiamos imaginar seu oposto? Este nada que acabamos de imaginar é um nada figurado, um nada que pode ser moldado por nós a vontade, como um escritor molda e manipula os personagens que cria a seu bel prazer. O nosso nada seria um quarto escuro, de vez em quando colocariamos um movel a mais neste quarto, talvez uma cama, e até uma caixa de som para curtir um Bathory, um Venom, ou até talvez, um Frank Zappa. Mas este não seria o nada-em-si;  não seria o nada autentico. Seria meramente um nada inventado por nós...O nada em si, como o ente em sua totalidade, não podem ser pensados pela mente humana.

Mas então, que Heidegger me surpreende com esta seguinte afirmação:
"Parece, sem duvida, que em nossa rotina cotidiana, estamos presos sempre apenas a este ou aquele ente, como se estivessemos perdidos neste ou naquele domino do ente. Mas, por mais disperso que possa parecer o cotidiano, ele retem, mesmo que vagamente, o ente numa unidade de totalidade. Mesmo então e justamente então, quando não estamos propriamente ocupados com as coisas e com nós mesmos, sobrevem-nos este 'em totalitade', por exemplo, no tédio propriamente dito. Este tédio ainda está muito longe de nossa experiencia quando nos entendia este livro ou aquele espetaculo, aquela ocupação ou este ócio. Ele desabrocha se 'a gente está entetiado'. O profundo tédio, que como nevoa silenciosa desliza pra cá e pra lá nos abismos da existencia, nivela todas as coisas, os homens e a gente mesmo com elas, numa estranha indiferença. Este tédio manifesta o ente em sua totalidade".

Esta parte, que convenientemente está preenchida de verde, contem a seguinte afirmação: O tédio profundo manifesta o ente em sua totalidade. Muito bem...Chegamos em algum lugar...O Tédio profundo pode não nos mostrar o ente em sua totalidade, porem, pode manifesta-lo...Mas, como que Heidegger chegou a essa conclusão? Esse é o latente ponto de interogação que ficou nesta afirmação. Aonde está o argumento que demonstra que, de fato, o tédio nivela tudo e é capaz de uma coisas dessas? Será que o filosofo alemão experimentou algo que ele considerou se tratar do tédio puro, e desta peculiar experiencia particular acreditou que ela pudesse ter um carater universal? Vai ver que ele tenha sido o unico que experimentou este tédio puro, enquanto que nós, reles homens, só experimentamos o tédio que temos por uma determinada coisa...

2. O caminho pavimentado pela Angustia

Se Heidegger medita sobre o nada, ele também dá muita relevancia a questão da angustia, acreditando que esta manifesta o nada.

"Quando as disposições de humor nos levam diante do ente em sua totalidade, ocultam-nos o nada que buscamos. Não teremos agora a opnião que a negação do ente em sua totalidade, manifestada na disposição de humor, nos ponha diante do nada. Tal somente poderia acontecer com a adequada originaridade, numa disposição de humor que revele o nada, de acordo com seu próprio sentido revelador. 

O que acontece no ser-ai do homem semelhante disposição do humor na qual ele seja levado a presença do próprio nada?
Este acontecer é possivel e também real - ainda que bastante raro - que ocorre apenas em alguns instantes na disposição de humor fundamental da angustia. Essa angustia é radicalmente diferente do temor. Nós nos aterrorizamos sempre diante deste ou daquele ente que, sob um ou outro aspecto determinado, nos ameaça. O temor de...Sempre teme por algo determinado. 

A angustia, pelo contrário, é uma 'angustia diante de...' mas não angustia diante disso ou daquilo. O carater de indeterminação daquilo diante de e por que nos angustiamos, contudo, não é apenas uma simples falta de determinação, mas a essencial impossibilidade de determinação".

Ele diz que a angustia manifesta o nada...Mas a angustia ocorre como? Não sentimos essa angustia quando descobrimos que o ser ai está suspenso no nada, sem nada a se apoiar? 

3. O ser-aí esta suspenso no nada...

Pelo que eu entedi, Heidegger coloca em sua obra que o nada e o ente não estão separados, cada um pertencendo a um mundo que lhé é proprio, mas ambos possuem uma estreita relação, de modo que o nada não reside em outro mundo, mas está nas coisas, está no mundo junto com o ente e se confundindo com este. Heidegger chega a afirmar que o Dasein (ser-aí) está suspenso no nada, e isso significa que seus atos são transcendentais pois: "Suspendendo-se dentro do nada o ser-aí está alem do ente em sua totalidade. Este estar alem do ente designamos a transcendencia. Se o ser-aí, nas raizes de sua essencia, não excercesse o ato de transcender, e isto expressamos agora dizendo: se o ser-aí não estivesse suspenso previamente dentro do nada, ele jamais poderia entrar em relação com o ente e, portanto, também não consigo mesmo".

A seguinte afirmação diz que estando dentro do nada é que os atos humanos são transcendentais e que o ser-ai pode se relacionar com o ente. Segue-se então que se não exercese-mos o ato de transcender (ato este que está intrisicamente inerente, senão dependente da condição de estar suspenso no nada) nós não teriamos relação com o ente, com o mundo. Eu, sinceramente, não conseguiria explicar essa afirmação muito bem, e nem consigo imaginar como seria (ou como é) estar suspenso no nada. Talvez, nem seja algo passivel de ser imaginado ou compreendido e Heidegger só compreende um pocuo que o entendimento da maioria dos seres humanos não foi capaz de compreender por não se interessarem em pensar nessas questões.

Fontes interessantes:
Link 1 
Link 2 (O que é metafisca em Pdf)
Link 3

Fonte bibliográfica:

O que é metafisica (Tradução de Ernildo Stein, série Os Pensadores)

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