quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Filosofando sobre Episódios - KND, A Turma do Bairro: Operação C.R.I.A

Eis que vos apresento uma análise que fiz acerca de um episódio no minimo intrigante. É verdade que é de um desenho ao qual nunca compartilhei grande apreço, mas devo admitir que este episódio em especial é bem foda. 


O episódio nos permite algumas reflexões no campo da Teoria da História: a forma como se estabelece uma interpretação histórica, uma narrativa e as suas relações com a memória. Se trata de uma narrativa histórica feita pelas crianças a cerca de uma interpretação do passado, uma narrativa que as coloca num lugar da história como as "inventoras" ou "criadoras" dos adultos. Os adultos seriam, nada mais e nada menos, do que determinados pelas demandas que elas criaram. 
Esta narrativa não nos contempla com um tempo cronológico aproximado (40 anos, 400 anos), portanto, podemos supor uma relação com o tempo que é muito diversa da nossa (talvez algo próximo da forma como uma criança interpreta o tempo como uma entidade não-quantitativa). Sabe-se porém, que em algum momento, devido á desigualdade nas condições materiais estabelecidas entre crianças e adultos, na exploração dos segundos sobre os primeiros, os adultos se rebelaram contra o poder e o arbitrio vigente, sendo forçados á se exilarem. 
No exílio, os adultos desenvolveram suas cidades e suas indústrias (o tempo que levou para isso acontecer, novamente, é muito dificil precisar), e conseguiram submeter as crianças aos seus mecanismos de controle (dinheiro, bens de consumo). O desenvolvimento da indústria permitiu que os adultos afirmassem, cada vez mais, seu poder e hegemonia sobre o mundo. Os adultos, ao superarem as crianças em recursos e tecnologias, acabaram que submetendo-as a um sistema social que lhes era hostil. O mundo lúdico dava lugar a um mundo repleto de instituições e burocracia. As crianças foram integradas ao mundo governado pelos adultos através das "familias", que num plano ideológico, era um meio de resolver os conflitos entre estes dois grupos. 

Das inventoras dos adultos, as crianças se converteram em seres dependentes dos adultos e seus mecanismos de controle. É isso que esta narrativa nos permite interpretar se nos detiver-mos exclusivamente nela. Esta narrativa, ao meu ver, possui um potencial didático e metodológico a ser explorado. Em nossa análise, poderia supor algumas meditações, como a operação historiográfica, e de como se efetua toda esta memória. O que esta narrativa nos permite conhecer do passado e o que ela influencia nas ações do presente? Se a história é feita deste conflito entre crianças e adultos, qual seria a sintese para se romper com este ciclo? Esta narrativa, ao meu ver, coloca a criança com uma missão bem clara: "pela história e por nossa memória, devemos nos libertar da opressão dos adultos!" Conclui-se, portanto, que narrativas podem ter fins politicos e messiânicos e que história não é simples coleção de dados: é uma justificativa para lutar.


quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Relato de Viagem: Guaratuba e minha loucura Pink Floyd Hawkwind

No período que compreende o dia 2 de 4 julho de 2016, eu percorri 3 cidades de bicicleta: Itapoá, Guaratuba, e Matinhos. Aproveito este espaço para compartilhar o relato que eu fiz desta jornada em meu diário, "Diário do Bardo sem Bandolim, vol. 3". Como pretendo que o conteúdo integral deste diário seja de acesso público daqui alguns anos, não vejo por que razão não compartilhar um capitulo especifico dele. 

Observação: a experiência em si demorou 3 dias, mas demorou mais de um mês para eu escrever todo o relato...Não por que me faltou tempo, mas por que eu simplesmente não tive tesão de redigir a experiência com tanto afinco.