quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Cronicas do conhaque com gelo - O vermelho e o Azul. O que é estado?

vermelho e o azul. O que é estado?

Eu creio que socialismo e capitalismo não são duas forças que se repelem, mas duas forças que devem ser fundidas, equilibradas. O capitalismo puro, idealizado pelos liberais mais radicais, não seria um mundo aonde eu gostaria de viver. O socialismo, em sua pratica, falhou miseravelmente. Na Escandinávia, encontramos um certo equilíbrio dessas duas forças, destas duas concepções de mundo. Há uma economia de mercado, mas também existe um estado forte que oferece muitos benefícios para a sua população...Um lugar que acredita que deve haver competição, deve haver uma economia de mercado, mas sem por isso, viver apenas em função do mercado. O estado está ali, tanto para garantir que haja competição, quando para garantir que seu povo seu beneficie com suas politicas publicas.

Von Misses, em "Mentalidade Anti-capitalista", diz que os movimentos sindicais são formados por aquilo que ele chama de "primos ou irmãos invejosos". Estes invejosos são os parentes próximos do empreendedor que herdou ou criou o negocio e o administra. Em outras palavras, para Von Misses, os movimentos sindicais não nascem do descontamento ou da vida fodida e miserável do trabalhador, mas sim, da inveja de seus entes mais próximos ao seu sucesso. Com esta afirmação, Von Misses demonstrar saber tanto sobre movimentos sindicais quanto eu sei falar árabe.



Lembrando de minha principal premissa nesse artigo, não creio que o socialismo e o capitalismo sejam forças que se anulem. Creio que houve contribuições, por parte dos movimentos de carater socialista e sindical, para a melhoria do bem estar das sociedades capitalistas. A teoria liberal roga que é um processo lindo e espontaneo, e que na verdade, são as greves e os sindicatos que representam um fardo, uma barreira neste processo. A competição, por si só, segundo eles, faz com que tanto o poder aquisitivo quanto os salários dos trabalhadores aumentem na medida em que o mercado vai se expandindo. Em verdade, até investimentos que são baseados numa volição meramente individual e egoista, que vise apenas a própria riqueza do empreendedor, podem contribuir possitivamente para a sociedade, mas ainda, a teoria liberal me parece incompleta para explicar a nossa invejavel condição de vida. O mercado totalmente livre, como anseiam alguns, é um lugar sem leis e cheia de monstros que chamamos de monopólios. Uma empresas pode crescer tanto, que chega a falir ou engolir outras, assim, tornando a própria competição inexistente e inpraticavel. Sem a intervenção do estado, poderia haver muitos abusos por parte das empresas.

Já no seculo XIX, Robert Owen (um dos primeiros socialistas utópicos) demonstrou, na regência de sua fabrica, que poderia-se estabelecer uma carga horária de 10 horas por dia sem, por isso, prejudicar a produção, isso num tempo em que os operários trabalhavam 14 há 16 horas por dia. Não foi a evolução gradativa do mercado que o levou a fazer isso, mas sua simpatia com os movimentos sociais de sua época. Outro exemplo que servirá bem aos nossos propósitos é o que fizera o dono da Mate Leão, no inicio do século passado se não me engano. Eu não lembro o nome do sujeito, pois confesso que não me aprofundei na pesquisa deste evento (agora vocês tem um arma contra mim, meus caros detratores), mas o que ele fez foi uma estrategia muito perspicaz: ele aceitou muitas das revindicações que a classe proletária tinha na época, assim, as outras fabricas haviam sido obrigadas a fazer o mesmo, ou senão, perderiam mão de obra, já que estas não hesitariam em querer trabalhar para alguém que aplicasse as suas revindicações. Não creio que o dono da Mate Leão fosse simpatizante de movimentos socialistas, todavia, ele sabia que essa estrategia era a mais conveniente naquele tempo, naquele contexto. Ele sabia que poderia perder um anel sem perder os dedos. Então, creio que esse não seja um caso isolado. Creio que houve várias casos desta natureza, aonde, aqueles que controlavam e detinham os meios de produção iam cedendo alguns benefícios aos seus subordinados, pois, intrinsicamente, dependiam deles. Os grandes não são grandes sem os pequenos, diria algum andarilho que vive numa clareira.

Os liberais tem razão num ponto: as greves são obstáculos e fardos muito pesados para o desenvolvimento da economia. Greves bem elaboradas podem paralisar economias locais, e a forma mais eficaz de minar e minimizar os ânimos exaltados dos insurgentes sindicais é atender algumas exigências destes. Eles não pedem muito, só melhores condições materiais de trabalho, como piso salarial, por exemplo.

E para terminar este artigo, compartilho como vocês um video do Yuri, do canal EU ATEU, aonde ele, discorre sobre este tema. Neste vídeo, ele defende a ideia do "estado forte" que existe apenas para representar seu povo. Fala também no que aconteceu em Quebec com a nacionalização de vários setores que antes eram ianques, e na adesão desta província canadense a social-democracia.
Concordamos em muitos pontos, e tomo a liberdade de destacar uma premissa muito oportuna: a intervenção do estado não é algo malfazejo desde de que seja em prol de seu povo. O estado coíbe aquele que faz propaganda enganosa, pois aqueles que ele representa não anseiam ser ludibriados por ela. O estado coíbe grande multinacionais funcionarem sem nenhum regulamento, pois fomentam uma grande disparidade de renda, tendo a concentradão de capital ficando entre o presidente da multinacional e os principais cargos.


Murray Rothbard, em seu livro "Anatomia do Estado", diz que o estado é uma entidade que representa a opressão em si. Antes de representar a opressão em si, o estado representa uma ferramenta, um meio que grupos humanos encontraram para unir todos numa mesma legislação, num mesmo escopo. O estado tem como objetivo proteger os cidadãos a que representa, como também, garantir sua segurança e propriedade privada. A priori, tem objetivo de zelar pelos interesses de uma nação e de um povo, é claro que isso nem sempre ocorreu na praxis, mas no campo ideias, o estado é isso. Mas o que mais poderia unir uma nação num mesmo consenso legislativo, num mesmo consenso de leis e normas a não ser um estado? Seja ele um estado absolutista, estado republicano, ou até um estado comunitário? Numa sociedade de mercado livre, como as leis seriam formuladas? Protegeriam o empreendedor da fúria dos sindicatos? Poderia uma sociedade inteira ser governada por empresas com suas diferentes funções e áreas de atuação?

Rothbard reconhece uma possível confusão que poderia ser ocasionada com diferentes "Empresas penais" agindo segundo estatutos e constituições próprias. No caso de duas cortes entrassem em conflito, Rothbard sugere que seria necessário chamar uma terceira corte para servir como uma mediadora. E se então nenhuma das cortes concorda-se com os vereditos da terceira? Ou se uma corte fosse engolindo a outra com os seus exércitos de mercenários? Um liberal pode contra-argumentar dizendo que uma empresa só se vale de meios coercitivos quando se utiliza de lobby para atingir seus fins, ou seja, se utiliza das forças do governo. A minha pergunta é esta: seria possível que uma empresa, dentro do livre mercado, agir por meios coercitivos? No video, Yuri usa Wall Mart como exemplo de monopólio, impossibilitando que todo e qual quer comercio de prosperar próximo a ela. Se esta empresa tem o poder de minar o poder de competitividade e consumo, esta mesma empresa, numa sociedade de livre mercado, não conseguiria emergir como uma força opressora similar ao estado? Imagine unir uma empresa que tem grande poder e influencia sobre o mercado, e cortes particulares influentes? Temos ai uma combinação de comércio e justiça, o que para mim, me leva a crer, que poderia ser possível a criação de algo similar ao que costumamos chamar de estado. 

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