Inauguro este seguinte trabalho afim que este seja um retrato da minha época, um retrato compreendido e interpretado por mim. É muito provável que eu esteja lendo este artigo, nesse exato momento, há uns 20 anos no futuro, ou menos, e eu esteja pensando: "Caralho, como eu era burro nessa época". O meu "eu" do futuro, terá, talvez, a mesma reação que tive ao ler uns textos e cronicas que escrevi quando tinha 15. É bem verdade que, as cronicas que escrevi aos 18 também são extremamente questionáveis ao que diz respeito a sua qualidade. Se alguém tivesse o desprazer de lê-los, provavelmente pensaria que por de trás daquelas palavras amargas que abusavam de um pessimismo e de uma melancolia ridícula, residia um ser alienado, triste, melancólico, que não havia se realizado na sua vida. É verdade que, desde que completei duas décadas de vida, não tive o que podemos chamar de vida feliz, mas acho que minhas lamúrias não mereciam um caderno inteiro e que minha vida não é tão ruim assim, na verdade, é um ócio conveniente, mas a solidão, a falta de amigos e experiências que gostaria de ter são onerosos estorvos que me acometem naquelas madrugadas de segunda-feira.
Tenho o que muitas pessoas querem, mas o que essas pessoas tem, não conheço muito bem. E o que as pessoas querem? Ficar sem fazer nada e se entregaram a boa vida, bom pelo menos é isso que alguns que conheci (tanto virtualmente quanto pessoalmente) afirmaram. Mas nem no ócio o trabalho é totalmente eliminado. Na verdade, já a ação de perder horas na frente de uma tela, matando inimigos num jogo de tiro de primeira pessoa, já pode ser considerado um trabalho, já que há um esforço físico e mental envolvido nesta atividade, por isso, no ócio não se pensa na ausência total de qual quer trabalho, mas a ausência do trabalho alienante em que o sujeito não se realiza plenamente nele, mas fora dele. Como alguém que trabalha no escritório só para poder ter férias e garantir a sobrevivência da família. Ele não trabalha por que gosta daquilo, mas por que quer gozar, no futuro, de coisas que lhe convém, assim, usa o emprego apenas como um meio para ter o que quer: carro, umas férias no Uruguai, cerveja, prostitutas, conhaque...
E o que as pessoas tem e que eu não tenho? Amigos! Ao menos, minhas atuais impressões contataram isso.
Mas enfim...Voltando a falar de meus escritos...Até textos que eu postei no ano passado e retrasado recebem minha tenaz censura, mas, todavia, contudo e portanto, creio que estou melhorando, mas não é para questionar o meu expressar que eu fiz este post, e nem muito menos, de se vangloriar em ter queimado um caderno cheio de textos ridículos com as minhas choradeiras. Este é o primeiro episódio do que pode ser um livro. Fiquem calmos, meus queridos amigos...Se toda a nossa civilização deixar de existir é muito provável que meu livro não seja um dos poucos documentos históricos remanescentes para documentar a nossa história. Então, se eu falar muita merda e asneira, fiquem tranquilos, os antropólogos alienígenas não terão uma ideia equivocada de nós por causa de um texto redigido por mim.
Ao rio dos problemas alcoólicos...
Como rato que vive das migalhas das redes sociais, percebo, não só no mundo virtual, como no mundo real, a emergência de estranhas manifestações de indignação, quando esta é usada como uma arma para que se coloque fora de um grupo e poder olhar a sociedade no cume de uma montanha (ou no cume de uma árvore, se você não quiser subir a serra do mar). Com meus 14 anos, eu elaborava minhas criticas a um sistema que já estava bem estabelecido. Achava que isso era uma atitude um tanto especial, uma atitude reservada a apenas os poucos, os doutos, os cultos. Mas, aos poucos, vi que havia um numero considerável de pessoas que compartilhavam ideias muito parecidas comigo, e hoje, considero que esta atitude de indignação é tão surpreendente quanto segurar um garfo. Já não me comovem os gritos de revolta, que pra mim são frequentemente vazios e destituídos de uma meditação prévia sobre alguns assuntos. Você está segurando o garfo, arranca o olho de tudo que pra tu és pernicioso, e então, cria um mostro pior do que ajudou a combater. Temo que, se essas pessoas cheguem ao poder, o Brasil se tornará um lugar pior, se é que é um lugar ruim...A economia está estável, mas os outros segmentos da sociedade Brasileira estão em ruínas. Mas, se for ver algumas páginas do Facebook, a impressão é que este é o pior país para se viver, com exceção dos países islâmicos mais fundamentalistas.
Temo estes revolucionários de sofá por que este movimento está erigido em princípios contraditórios. Em outras palavras, eles não sabem muito bem o querem, e isso, para mim é algo perigoso. Ao mesmo tempo que eles defendem medidas liberais, como o casamento gay, por exemplo, eles também são bastante reacionários quando clamam por sangue. O senso comum, compreende desde de preceitos filosóficos já disseminados, sob os quais as pessoas não possuem o conhecimento da sua origem, até valores arcaicos, e este grupo não se diferencia do resto da sociedade, não se diferenciam das pessoas que eles chamam de alienadas, frívolas, e que estão adormecidas em profundo "conformismo".
Quanto um sujeito diz "O povo é burro e alienado", está se colocando fora deste grupo que ele chama de POVO. Ele não é como os outros, ele é especial pra caralho. Mas então, vemos que este sujeito não é muito diferente daqueles que ele condena, e que aquele que ele considera alienado, também estabelece essa preposição, se colocando num lugar de prestigio em relação aos demais. Quer dizer, para mim o problema reside quando o "critico" do sistema se coloca num patamar aonde ele é uma exceção ao contexto em que vive, a ponto de achar que ele não é alienado e não pode ser manipulado.
De uma maneira análoga, eu não me surpreendo com as músicas de cunho "político". Eu não acho que precise de muita inteligência, erudição, ou astúcia para fazer uma letra de musica com temas líricos políticos, como muitos conhecidos meus acham. Quer dizer, eles tem a tendência de valorizarem o musico que fala sobre a "realidade" com uma mensagem "verdadeira" a ser compartilhada, mas para mim, é fácil dizer que a corrupção é uma merda, que tudo no Brasil é uma merda, mas meditar a política é outros quinhentos. Chuck Schuldiner é um dos poucos que conseguiu fazer isso.
Eu não posso afirmar a preposição "O povo é burro e alienado" sem ressaltar: "mas eu, Artur Barz, também sou burro e alienado". Sou tão diferente daqueles que condeno? Eu posso até saber algumas coisas a mais que a maioria da população, mas quando eu defino que eles são alienados, não quer dizer que eu também não seja. Aliás, eu não me considero especial, mas sim, um retrato de meu tempo e de minha sociedade, logo, portador de seus preconceitos e valores. É licito se valer, agora, de um dos peculiares conceitos que Claude Strauss esboça no seu livro Cultura e Raça, que diz que quando uma cultura se coloca num patamar especial diante das outras culturas, afim de se diferenciar das outras, ela só está se igualando a muitas culturas que existem ou já existiram, pois quantas culturas não eram narcisistas a ponto de chamaram a si mesmas de "nobres" ou "superiores"? Sobre a luz deste mesmo conceito que eu também encaro a questão deste repugnante ensaio.
Condenar a alienação, como a conformidade, não te tornam especial, não te tornam revolucionário. Não te diferencia dos outros, pois os outros também condenam essas coisas e também são alienados como você.
Pare concluir este primeiro capitulo, é conveniente esboçar um argumento que o sintetiza: "Se os alienados são, e o alienado é, aquele que define a alienação é, portanto, também um alienado".
Agradecimentos ao Filosofia Hoje, que vai me processar por usar uma imagem sem pedir, e a todos que leram até o final.
Feliz Páscoa para todo mundo e feliz aniversário para mim, pois daqui 1 mês é meu aniversário de 20 anos. Um mês se passa em piscar de olhos, então, feliz aniversário pra mim!
Nenhum comentário:
Postar um comentário