Falarei de um ator, mais precisamente de dois dos seus últimos filmes nos quais atuou. Filmes que não tiveram grande repercussão ou propaganda, e ainda foram, se não me engano, lançados no mesmo ano: 2012.
Em ambos os filmes, Walken trabalhou em trio, com Sam Rockwell e Collin Farrell, Al Paccino e Alan Arkin, respectivamente.
Encarnou personagens que já estavam indiferentes e inconsequentes com a vida, isto é, já não temiam um fim inevitável que vos esperava, sem medo de perecer.
E acabo a minha breve introdução aqui. Que venha os filmes!Encarnou personagens que já estavam indiferentes e inconsequentes com a vida, isto é, já não temiam um fim inevitável que vos esperava, sem medo de perecer.
Sete Psicopatas
Este filme talvez seja uma alegoria sobre como os filmes são feitos e realizados, e sobre a realidade que se confunde com os filmes, de forma que o segundo é uma representação do primeiro. Muito bem, o filme é protagonizado por um roteirista irlandês chamado Marty (Collin Farrell), que além de estar pouco inspirado para escrever um novo material, se afunda cada vez mais na bebida.
Com a ajuda de seu amigo, Billy (Sam Rockwell), um ator desempregado que trabalha com Hans (Walken) roubando cachorros, ele começa a desenvolver o seu roteiro chamado "Os setes psicopatas". A experiência de fazer o roteiro começa a transcender a mera ficção quando eles se envolvem com um inescrupuloso mafioso, depois que a dupla Billy e Hans sequestraram o cachorro do infeliz.
O mafioso logo descobre quem está por trás dos roubos de cães naquela região, e começa a caça-los. Se estar sendo perseguido por um psicopata não fosse o bastante, Marty descobre que um dos personagens que havia colocado no roteiro dos "Sete Psicopatas", personagem retirado de uma história que Billy havia lhe contado num bar, era baseado no próprio Hans!
Com as desventuras que precediam estes 3 homens (Hans por ter perdido a esposa e Marty por ter perdido a namorada), eles transformaram o deserto em que se exilaram numa espécie de "retiro espiritual", focando esforços para terminar o roteiro.
Num desfecho, um tanto estranho, Billy faz de tudo para que o fim daquela jornada seja fiel aos filmes que vira, já totalmente mergulhado no roteiro sem diferenciar a realidade e o filme que nem tinha saído do papel; enquanto que Hans caminha pelo deserto sozinho com seus próprios pensamentos, tentando encontrar uma solução para o psicopata vietnamita, o único personagem que Marty tinha criado e que ele tinha gostado. Nesta insana trajetória desta improvável dupla, eles ainda encontram Zachary (Tom Waits), o único psicopata que havia respondido ao anuncio do jornal que Billy havia colocado, anúncio que convocava pessoas, digamos, amorais ou dementes para contarem as suas histórias.
Como o psicopata do "Valete de Ouro", Zachery era um psicopata que matava outros psicopatas com sua amante. E ainda vale destacar este "Valete de Ouro", que ocasionalmente aparecerá no filme. Seu alvo? Mafiosos que trabalhavam para o mafioso que está perseguindo o trio.
Amigos inseparáveis.
O filme começa com Valentine (Al Paccino), saindo da prisão, depois de passar quase 30 anos na prisão. O filme se passa em um período inferior há 24 horas, aonde Valentine, sabendo do final iminente que o aguarda, tenta tornar essas horas as mais intensas possíveis.
O personagem interpretado por Walken (Doc), de inicio, não parece compactuar com a impulsividade e devassidão de Val, mas acaba que sendo levado pela atmosfera intensa e lúdica dos acontecimentos, não representando um obstáculo para os intentos do amigo deixando as coisas ocorrerem naturalmente. A madrugada apresenta um convite para a celebração do passado que Doc e Val tiveram. Não tendo nada a perder (premissa essa que pode sintetizar o momento e as condições que eles estabeleceram para si mesmos em prol da criação de uma realidade lúdica, dionisíaca, e noturna que eles pudessem chamar de lar), eles roubam um carro que pertencia a um grupo mafioso polonês (os irmãos Jargoniew) para ir até um asilo e resgatar um velho amigo, Hirsch (Alan Arkin), o pé de chumbo. O efêmero reencontro do trio de criminosos aposentados marca o ápice de uma madrugada inesquecível, que representava um retorno a um passado glorioso que se materializava no presente. Quer dizer, a dupla Al Paccino e Walken tinha conseguido me prender ao filme por quase 1 hora, e então aparece o Alan Arkin? A primeira coisa que me veio a mente foi algo como: "Caralho, agora que o filme tá completo, não falta mais nada!"...E de fato, meu palpite estava certo...
Hirsch, antes de morrer, realiza um sonho inusitado: trepar com duas mulheres. Neste filme, em particular, dois ambientes que aparecem constantemente: o bordel caseiro, aonde a cafetina que o administra continua os negócios deixados por sua mãe, e o café noturno protagonizado por uma bela e gentil garçonete. São nestse dois ambientes em que o filme se passa, basicamente, além das ruas que dormem, é claro.
As mulheres neste filme me surpreenderam por esboçarem atitudes diferentes daquelas mulheres que vemos em comédias romanticas, aquelas que ostentam a bandeira da moralidade contra homens imprudentes e inconsequentes. Não há nem uma musa que chega até eles e diz o que eles tem ou o que eles não tem o que fazer. Nenhuma delas reprova as suas ações, nem mesmo a filha de Hirsch, a enfermeira Nina Hirsch (Juliana Merguiles), depois que ela ficou sabendo sobre que circunstâncias seu pai morreu, sem oferecer nenhuma censura a Doc e Val.
As horas de Valentine se esvaem, o tempo está acabando, seu fim está próximo. Doc e Valentine, então, decidem enfrentar este fim de uma maneira inusitada e interessante. E o filme acaba. Nada tão extraordinário, o que não representa uma censura a esta obra, pois está longe de ser um filme medíocre.
O filme tem uma premissa simples e é fácil de entender. Não é um labirinto cheio de conspirações andando por seus corredores, em que o espectador está no meio do concurso de centenas de tramas que ele não tem nem ideia de onde surgiram. Não foi preciso fleshbacks para explicar toda aquela realidade que nos é dada, o filme em si se encarrega de nos dar uma ideia de como foi o passado daqueles homens. E volto a dizer que ver Walken, Arkin (que conheci interpretando o velho vô louco em Miss Sunhsine) e Al Paccino (de outras obras tão grandiosas como Advogado do Diabo e a trilogia do Poderoso Chefão), trabalhando juntos vale a assistida!
Observação: Alguns poderão me condenar por ter revelado que Hirsch morre no filme..."Isso é Spoiler, seu FILHA DA PUTA!"...Calma, meu amigos desconhecidos...É um spoiler inofensivo que não prejudicará vocês, aliás, eu não disse como ele morre (se uma bigorna caiu em cima dele, se ele é esmagado por uma baleia alienigena, se ele morre quando está comendo as duas prostitutas, se ele morre num tiroteio...O desfecho deste personagem deixei em aperto. Cabe a vocês descobrir o que aconteceu com ele...
Este filme talvez seja uma alegoria sobre como os filmes são feitos e realizados, e sobre a realidade que se confunde com os filmes, de forma que o segundo é uma representação do primeiro. Muito bem, o filme é protagonizado por um roteirista irlandês chamado Marty (Collin Farrell), que além de estar pouco inspirado para escrever um novo material, se afunda cada vez mais na bebida.
Com a ajuda de seu amigo, Billy (Sam Rockwell), um ator desempregado que trabalha com Hans (Walken) roubando cachorros, ele começa a desenvolver o seu roteiro chamado "Os setes psicopatas". A experiência de fazer o roteiro começa a transcender a mera ficção quando eles se envolvem com um inescrupuloso mafioso, depois que a dupla Billy e Hans sequestraram o cachorro do infeliz.
O mafioso logo descobre quem está por trás dos roubos de cães naquela região, e começa a caça-los. Se estar sendo perseguido por um psicopata não fosse o bastante, Marty descobre que um dos personagens que havia colocado no roteiro dos "Sete Psicopatas", personagem retirado de uma história que Billy havia lhe contado num bar, era baseado no próprio Hans!
Com as desventuras que precediam estes 3 homens (Hans por ter perdido a esposa e Marty por ter perdido a namorada), eles transformaram o deserto em que se exilaram numa espécie de "retiro espiritual", focando esforços para terminar o roteiro.
Num desfecho, um tanto estranho, Billy faz de tudo para que o fim daquela jornada seja fiel aos filmes que vira, já totalmente mergulhado no roteiro sem diferenciar a realidade e o filme que nem tinha saído do papel; enquanto que Hans caminha pelo deserto sozinho com seus próprios pensamentos, tentando encontrar uma solução para o psicopata vietnamita, o único personagem que Marty tinha criado e que ele tinha gostado. Nesta insana trajetória desta improvável dupla, eles ainda encontram Zachary (Tom Waits), o único psicopata que havia respondido ao anuncio do jornal que Billy havia colocado, anúncio que convocava pessoas, digamos, amorais ou dementes para contarem as suas histórias.
Como o psicopata do "Valete de Ouro", Zachery era um psicopata que matava outros psicopatas com sua amante. E ainda vale destacar este "Valete de Ouro", que ocasionalmente aparecerá no filme. Seu alvo? Mafiosos que trabalhavam para o mafioso que está perseguindo o trio.
Amigos inseparáveis.
O filme começa com Valentine (Al Paccino), saindo da prisão, depois de passar quase 30 anos na prisão. O filme se passa em um período inferior há 24 horas, aonde Valentine, sabendo do final iminente que o aguarda, tenta tornar essas horas as mais intensas possíveis.
O personagem interpretado por Walken (Doc), de inicio, não parece compactuar com a impulsividade e devassidão de Val, mas acaba que sendo levado pela atmosfera intensa e lúdica dos acontecimentos, não representando um obstáculo para os intentos do amigo deixando as coisas ocorrerem naturalmente. A madrugada apresenta um convite para a celebração do passado que Doc e Val tiveram. Não tendo nada a perder (premissa essa que pode sintetizar o momento e as condições que eles estabeleceram para si mesmos em prol da criação de uma realidade lúdica, dionisíaca, e noturna que eles pudessem chamar de lar), eles roubam um carro que pertencia a um grupo mafioso polonês (os irmãos Jargoniew) para ir até um asilo e resgatar um velho amigo, Hirsch (Alan Arkin), o pé de chumbo. O efêmero reencontro do trio de criminosos aposentados marca o ápice de uma madrugada inesquecível, que representava um retorno a um passado glorioso que se materializava no presente. Quer dizer, a dupla Al Paccino e Walken tinha conseguido me prender ao filme por quase 1 hora, e então aparece o Alan Arkin? A primeira coisa que me veio a mente foi algo como: "Caralho, agora que o filme tá completo, não falta mais nada!"...E de fato, meu palpite estava certo...
Hirsch, antes de morrer, realiza um sonho inusitado: trepar com duas mulheres. Neste filme, em particular, dois ambientes que aparecem constantemente: o bordel caseiro, aonde a cafetina que o administra continua os negócios deixados por sua mãe, e o café noturno protagonizado por uma bela e gentil garçonete. São nestse dois ambientes em que o filme se passa, basicamente, além das ruas que dormem, é claro.
As mulheres neste filme me surpreenderam por esboçarem atitudes diferentes daquelas mulheres que vemos em comédias romanticas, aquelas que ostentam a bandeira da moralidade contra homens imprudentes e inconsequentes. Não há nem uma musa que chega até eles e diz o que eles tem ou o que eles não tem o que fazer. Nenhuma delas reprova as suas ações, nem mesmo a filha de Hirsch, a enfermeira Nina Hirsch (Juliana Merguiles), depois que ela ficou sabendo sobre que circunstâncias seu pai morreu, sem oferecer nenhuma censura a Doc e Val.
As horas de Valentine se esvaem, o tempo está acabando, seu fim está próximo. Doc e Valentine, então, decidem enfrentar este fim de uma maneira inusitada e interessante. E o filme acaba. Nada tão extraordinário, o que não representa uma censura a esta obra, pois está longe de ser um filme medíocre.
O filme tem uma premissa simples e é fácil de entender. Não é um labirinto cheio de conspirações andando por seus corredores, em que o espectador está no meio do concurso de centenas de tramas que ele não tem nem ideia de onde surgiram. Não foi preciso fleshbacks para explicar toda aquela realidade que nos é dada, o filme em si se encarrega de nos dar uma ideia de como foi o passado daqueles homens. E volto a dizer que ver Walken, Arkin (que conheci interpretando o velho vô louco em Miss Sunhsine) e Al Paccino (de outras obras tão grandiosas como Advogado do Diabo e a trilogia do Poderoso Chefão), trabalhando juntos vale a assistida!
Observação: Alguns poderão me condenar por ter revelado que Hirsch morre no filme..."Isso é Spoiler, seu FILHA DA PUTA!"...Calma, meu amigos desconhecidos...É um spoiler inofensivo que não prejudicará vocês, aliás, eu não disse como ele morre (se uma bigorna caiu em cima dele, se ele é esmagado por uma baleia alienigena, se ele morre quando está comendo as duas prostitutas, se ele morre num tiroteio...O desfecho deste personagem deixei em aperto. Cabe a vocês descobrir o que aconteceu com ele...
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