Lembro que as discusões que eu tinha com crentes eram no minimo onerosas - as lembranças dessas nefastas discusões permanecem latentes em minha mente até hoje.
As poucas discusões que eu tive nos ultimos tempos não foram tão onerosas, na verdade, eu estou começando a gostar disso. Infelizmente, como possuo uma vida social restrita a poucas pessoas, não tive a oportunidade de discutir sobre religião com a frequencia que eu desejava, assim, me deu tempo de elaborar várias questões que eu pretendo colocar em minhas discusões futuras.
A experiencia de simular, em minha mente, uma conversa entre eu e um crente hipotético, também me foi um tanto quanto interessante.
Eis aqui conceitos e temas que eu busco propor numa discusão sobre religião. Não espere um "Manual como humilhar crentes", pois este não é o meu objetivo. O meu objetivo é criar condições para uma discusão que tenha o prazer em discutir sem que o arrependimento e lembraças amargas retornem a meu subsconsciente ao longo dos anos; memorias como "por que eu não falei isso para ele? Divia ter dito aquilo e não aquilo"...Enfim, coisas que fazem eu ter o desejo de ter uma maquina do tempo.
1º Conceito: Deus, uma criação humana.
Vc está naquela conversa informal entre conhecidos (não digo amigos por que eles são raros), e de repente, o assunto se volta aos olhos para religião. Então escuto as primeiras objeções a minha pessoa (são meus conhecidos, eles lembram de minha ingenua declaração quando eu tinha 16 anos: "eu sou ateu"), e eu, os surpreendo dizendo: "Bom, mas quem disse que eu não acredito em Deus? Ele existe, pois ele é uma criação humana". Assim, exponho minha primeira condição para o debate: "Minha unica condição para este debate é a reflexão deste argumento. Se não estiverem dispostos a meditar sobre ele, não prosseguirei com a discusão e as objeções futuras serão ignoradas: Zeus, Wilacocha, Odin foram deuses que eram reflexos dos povos que o criaram e imaginaram. Como pensar em Afrodite sem pensar, ao mesmo tempo, nos gregos? Enfim, por que com Jeová é diferente? Por que o Deus cristão é especial? O que o torna uma excessão?"
A unica vez que fiz essa pergunta foi a um contato. Fim de ano, ele me tinha me desejado uma boa aventurança aos braços de seu Deus. Eu começei, propositalmente, com a discusão...Ao fazer esta pergunta, ele me deu uma resposta no minimo insatisfatória. Não lembro muito bem o que ele respondeu, mas acho que foi algo como isto: "Por que ele é a palavra, foi mostrado ao homem, ele é o senhor, a verdade foi revelada...". Então respondi: "Good...Vc não respondeu a minha pergunta..."
Quando o crente se recusou a meditar sobre o argumento e responder minha pergunta a nossa discusão não foi muito longe.
2ºConceito: Metaforas
Uma pergunta que ainda não fiz a um crente: "Por que não interpretamos as passagens biblicas metaforicamente?". Ele talvez diga: "Está na Biblia, ela é a verdade". Tal afirmação revela uma estranha e irracional confiança a um livro que ele julga conter verdade absoluta e incorruptivel, quando, na verdade, foi extremamente modificado e mal interpretado por mãos humanas. Modificado mais por interesses humanos do que divinos, diga-se de passagem. Mudaram um trecho ali ou aqui para, ora justificar o comportamento do clero, ora para condenar um povo ou uma nação. Claro, não é só um materialista que está afirmando isso, mas os proprios teologos, com destaque Bart Ehrman, que depois de anos estudando o livro, percebeu contradições latentes nas passagens da biblia, como também, que o critério que os seus atores se propuseram a si mesmos foi de escrever o Novo Testamento em conformidade com o Antigo, mas não em conformidade com os fatos históricos.
Todavia, um teista anticlerical me faria a seguinte objeção: "Mas isso foi o trabalho dos homens que não souberam interpretar a palavra de Jesus. Jesus nunca seria a favor da Igreja e de tudo que fizeram na idade média"...Muito bem, até uns tempos para cá essa me parecia uma objeção bem razoavel, todavia, hoje eu proponho a seguinte resposta a esta objeção anti-clerical em prol do genio de Jesus: "Jesus foi uma metafora para tornar verosímil a nova religião que surgia. Sem ele o cristianismo não teria razão de ser. Os cristãos primitivos pricisavam de um martir, de um salvador para persuadirem as pessoas que ansiavam converter. Os que escreveram a biblia não estavam numa posição imparcial de simples escribas com o objetivo de redigir o que aconteceu. Esses cristãos primitivos já almejavam a potencia, como dizia Nietzsche, como também, o rompimento com a cultura a qual se originram. Usaram Jesus como pretexto e principal meio para este fim. Ou seja, os que criaram Jesus foram os padres do amanhã. Não haveria igrejas, templos, sacerdotes sem esta eloquente metafora de um salvador crucificado".
3º Conceito: Conceitos filosoficos
Uma proposta interessante, que eu irei aplicar nas futuras discusões, será deixar a pessoa a qual eu estou discutindo a par de alguns temas filosoficos relacionados (no caso de estar discutindo com uma pessoa simples e comum, que provavelmente, ignora ou pouco entende de filosofia).
Eu poderia fazer um "resumão":
"É muito interessante colocar aqui que os ideias cristãos já eram defendidos por Platão há pelomenos uns 400 anos antes do surgimento do cristianismo. Ele que concebeu a idéia que deviamos renegar este mundo em prol de outro, um mundo supra-sensivel que ele chamou de mundo das ideias, aonde, ela é regida pelo bem, sendo o bem a causa-em-si. Em muito a filosofia platonica se assemelha com o ideal cristão, e por isso, os cristãos não tiveram dificuldade de cristianiza-lo. Platão, criou também o que chamamos de idealismo, concepção filosofica que diz que a idéia precede a existencia, ou seja, antes de você existir neste mundo, você era um ser imaterial, como as idéias. Depois de sua morte neste mundo você voltará a ter uma substancia imaterial. Seu corpo perecerá, mas seu espirito não. O idealismo prevaleceu por mais de 2 mil anos, até que, no século 18 surge uma nova escola filosofica: o empirismo. O empirismo se o opõe ao idealismo dizendo que não há ideias inatas, e quando nascemos, nossa mente é um livro em branco que será preenchido ao longo do tempo. O materialismo diz que a metafisica, o mundo supra-sensível e seu ambito, nada mais são do que uma miragem do mundo material. Como um espelho que reflete as coisas que vemos e as tranformam em fenomenos sobrenaturais e metafisicos, isto é, distorce as coisas que tocam os nossos sentidos e estão no terreno de nossas experiencias.
E é claro, não deixaria também de fazer algum comentário sobre conceitos estabelecidos por Nietzsche, conceitos que eu ja falei com atenção neste post: O mundo aos pés do padre
O existencialismo, diz que se existem principios a priori, se existe Deus, se existe mundo supra-terreno, isso não interfere em nossa existencia. O mundo continua a existir mesmo com a existencia ou inexistencia dessas coisas...
4ºConceito: Beleza e podridão
Não é raro encontrar pessoas que dizem ser descrentes devido a fatores como: "Quando meu pai morreu, eu deixei de crer em Deus", ou até "Como pode existir Deus com tanta gente morrendo de fome?". E também não é raro teistas afirmarem que a beleza no mundo é uma prova mais do que convincente que Deus existe. Eu não creio que, ora a beleza, ora a podridão, sejam qualidades que corroborem com a existencia ou inexistencia de Deus. O argumento que defendem é este: "Há muita beleza no mundo, logo, Deus existe" e "Há muita violencia, guerras no mundo; logo, Deus não existe".
As premissas estabelecem as conclusões "Deus existe" e "Deus não existe"?
Ao que concerne ao primeiro argumento, o teísta irá reconhecer que há guerras no mundo, mas elas só são provocadas por distorções que os homens fazem das palavras de Deus. Eu, diria que há muitos fatores materiais que levam paises a entrar em guerra, como também, por motivos pretensamente religiosos. Ao que concerne ao segundo grupo, se chega a inexistencia de Deus por causa da miséria, da fome, das guerras, e o argumento ainda reserva uma premissa oculta que diz: "Se Deus existir, ele é indiferente aos problemas na África, na Ásia e na America do Sul, em outras palavras, ele é indiferente ao nosso tormento, nosso sofrimento, e diz que nós devemos obedece-lo cegamente".
Em ambos os argumentos, estamos estabelecendo que qualidades instrisecas ao nosso mundo definem se Deus existe ou não. E aliás, qualidades como estas definem a existencia de alguma coisa? Arvores existem por que são belas? Arvores deixaram de existir por que são feias e comem a gente? Arvores existem pois tem uma missão, um fim? Eu não vejo nenhum meio lógico para estabelecer essas conclusões com estas premissas. Isso me lembra um episodio um tanto curioso, em que eu estava conversando com um pescador ancião, um nativo de minha cidade. Ele disse para mim que eu iria começar a acreditar em Deus depois de perder algum ente querido. Bom, então o argumento dele se reduz a isso: "Seu pai vai morrer, logo, você acreditará em Deus". Depois que meu pai morrer ele poderá dizer algo assim: "Se serve de consolo, Deus te ama".
Deus, neste caso, tem um carater de um mero consolo. Mas é claro, não poderia desprezar este consolo, pois ele é capaz de fazer muitas pessoas superarem crises existenciais e uma vida problematica cheia de vicios. Mas, no final, quem superou esses problemas foram elas mesmas, não foi Deus que as guiou neste caminho mas a "idéia de Deus", a idéia que deveriam ser, de alguma maneira, subservientes a um ser imaterial, que na verdade, não passa de um conceito criado por homens.
5ºConceito: Dogmatismo
As pessoas sempre viram as ideias religiosas como coisas benfazejas, mas eu, ao contrário, sempre vi como virtudes dogmáticas, que não admitem discusão e um livre intercambio de ideias. A ótica religiosa reduziu tudo a demoniaco ou divino. Tudo que é desconhecido é imediatamente batizado pelos véus obscuros do preconceito religioso. Sempre ouvi as pessoas elaborando frases no minimo contraditórias: "Eu respeito a sua crença, mas VOCÊ TEM QUE ACREDITAR EM JESUSSSSSS SEU FILHO DA PUTA, ARGHHHHHH!"
Lembro, que um conhecido meu tinha dito: "Voce vai para o inferno e vai sofrer...", me é peculiar como há hordas de individuos que ainda se persuadem com esta ideia de Deus punitivo e medieval. O que eu respondo para um sujeito desses? Apenas responderia: "É bom saber que você deseja um bom porvir para mim, mesmo que ele seje metafisico. Muito obrigado e tenha uma boa noite".
3º Conceito: Conceitos filosoficos
Uma proposta interessante, que eu irei aplicar nas futuras discusões, será deixar a pessoa a qual eu estou discutindo a par de alguns temas filosoficos relacionados (no caso de estar discutindo com uma pessoa simples e comum, que provavelmente, ignora ou pouco entende de filosofia).
Eu poderia fazer um "resumão":
"É muito interessante colocar aqui que os ideias cristãos já eram defendidos por Platão há pelomenos uns 400 anos antes do surgimento do cristianismo. Ele que concebeu a idéia que deviamos renegar este mundo em prol de outro, um mundo supra-sensivel que ele chamou de mundo das ideias, aonde, ela é regida pelo bem, sendo o bem a causa-em-si. Em muito a filosofia platonica se assemelha com o ideal cristão, e por isso, os cristãos não tiveram dificuldade de cristianiza-lo. Platão, criou também o que chamamos de idealismo, concepção filosofica que diz que a idéia precede a existencia, ou seja, antes de você existir neste mundo, você era um ser imaterial, como as idéias. Depois de sua morte neste mundo você voltará a ter uma substancia imaterial. Seu corpo perecerá, mas seu espirito não. O idealismo prevaleceu por mais de 2 mil anos, até que, no século 18 surge uma nova escola filosofica: o empirismo. O empirismo se o opõe ao idealismo dizendo que não há ideias inatas, e quando nascemos, nossa mente é um livro em branco que será preenchido ao longo do tempo. O materialismo diz que a metafisica, o mundo supra-sensível e seu ambito, nada mais são do que uma miragem do mundo material. Como um espelho que reflete as coisas que vemos e as tranformam em fenomenos sobrenaturais e metafisicos, isto é, distorce as coisas que tocam os nossos sentidos e estão no terreno de nossas experiencias.
E é claro, não deixaria também de fazer algum comentário sobre conceitos estabelecidos por Nietzsche, conceitos que eu ja falei com atenção neste post: O mundo aos pés do padre
O existencialismo, diz que se existem principios a priori, se existe Deus, se existe mundo supra-terreno, isso não interfere em nossa existencia. O mundo continua a existir mesmo com a existencia ou inexistencia dessas coisas...
4ºConceito: Beleza e podridão
Não é raro encontrar pessoas que dizem ser descrentes devido a fatores como: "Quando meu pai morreu, eu deixei de crer em Deus", ou até "Como pode existir Deus com tanta gente morrendo de fome?". E também não é raro teistas afirmarem que a beleza no mundo é uma prova mais do que convincente que Deus existe. Eu não creio que, ora a beleza, ora a podridão, sejam qualidades que corroborem com a existencia ou inexistencia de Deus. O argumento que defendem é este: "Há muita beleza no mundo, logo, Deus existe" e "Há muita violencia, guerras no mundo; logo, Deus não existe".
As premissas estabelecem as conclusões "Deus existe" e "Deus não existe"?
Ao que concerne ao primeiro argumento, o teísta irá reconhecer que há guerras no mundo, mas elas só são provocadas por distorções que os homens fazem das palavras de Deus. Eu, diria que há muitos fatores materiais que levam paises a entrar em guerra, como também, por motivos pretensamente religiosos. Ao que concerne ao segundo grupo, se chega a inexistencia de Deus por causa da miséria, da fome, das guerras, e o argumento ainda reserva uma premissa oculta que diz: "Se Deus existir, ele é indiferente aos problemas na África, na Ásia e na America do Sul, em outras palavras, ele é indiferente ao nosso tormento, nosso sofrimento, e diz que nós devemos obedece-lo cegamente".
Em ambos os argumentos, estamos estabelecendo que qualidades instrisecas ao nosso mundo definem se Deus existe ou não. E aliás, qualidades como estas definem a existencia de alguma coisa? Arvores existem por que são belas? Arvores deixaram de existir por que são feias e comem a gente? Arvores existem pois tem uma missão, um fim? Eu não vejo nenhum meio lógico para estabelecer essas conclusões com estas premissas. Isso me lembra um episodio um tanto curioso, em que eu estava conversando com um pescador ancião, um nativo de minha cidade. Ele disse para mim que eu iria começar a acreditar em Deus depois de perder algum ente querido. Bom, então o argumento dele se reduz a isso: "Seu pai vai morrer, logo, você acreditará em Deus". Depois que meu pai morrer ele poderá dizer algo assim: "Se serve de consolo, Deus te ama".
Deus, neste caso, tem um carater de um mero consolo. Mas é claro, não poderia desprezar este consolo, pois ele é capaz de fazer muitas pessoas superarem crises existenciais e uma vida problematica cheia de vicios. Mas, no final, quem superou esses problemas foram elas mesmas, não foi Deus que as guiou neste caminho mas a "idéia de Deus", a idéia que deveriam ser, de alguma maneira, subservientes a um ser imaterial, que na verdade, não passa de um conceito criado por homens.
5ºConceito: Dogmatismo
As pessoas sempre viram as ideias religiosas como coisas benfazejas, mas eu, ao contrário, sempre vi como virtudes dogmáticas, que não admitem discusão e um livre intercambio de ideias. A ótica religiosa reduziu tudo a demoniaco ou divino. Tudo que é desconhecido é imediatamente batizado pelos véus obscuros do preconceito religioso. Sempre ouvi as pessoas elaborando frases no minimo contraditórias: "Eu respeito a sua crença, mas VOCÊ TEM QUE ACREDITAR EM JESUSSSSSS SEU FILHO DA PUTA, ARGHHHHHH!"
Lembro, que um conhecido meu tinha dito: "Voce vai para o inferno e vai sofrer...", me é peculiar como há hordas de individuos que ainda se persuadem com esta ideia de Deus punitivo e medieval. O que eu respondo para um sujeito desses? Apenas responderia: "É bom saber que você deseja um bom porvir para mim, mesmo que ele seje metafisico. Muito obrigado e tenha uma boa noite".